Uma Aventura

E outras coleções

Uma Aventura na Serra da Estrela

Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada

Arlindo Fagundes

Editorial Caminho
Coleção , nº32
168 pp
sob consulta

Resumo/Apresentação

Quem diz serra da Estrela diz neve. E casas vazias de telhado em bico com sótãos a abarrotar de velharias misteriosas, salões enormes com lareira, quadros antigos com figuras impressionantes que à luz da chama parecem vivas. Também se pensa logo em alcateias, lobos e outros animais selvagens circulando em liberdade por recantos que só eles conhecem. Tantas emoções deram volta à cabeça do Pedro, que se apaixonou perdidamente não por uma rapariga de carne e osso mas por um retrato, o retrato de uma linda mulher de outros tempos com cabelos loiros e fama de aparecer lá em casa de sete em sete anos. Essa paixão louca precipita o grupo numa aventura igualmente louca.

 

(ISBN) 9789722122757

 

Excerto do Livro

«— Estão contentes? Pois então agradeçam-me que vou trabalhar para que a vossa felicidade seja completa. Encaminhou-se para a porta com ares misteriosos, enfiou o gorro, as luvas, e já ia de saída quando lhe berraram: — Chico! Onde é que vais? — Vou ao carro. Lembram-se do que está guardado na parte de trás? Queijo!! Vou buscar queijo para a nossa ceia. — Sozinho? Nem pensar! — Espera aí... Ele fez orelhas moucas e saiu mesmo, batendo com a porta. Demasiado moles para irem a correr atrás, limitaram-se a observá-lo da janela. A noite estava realmente escura. A única coisa que viam era a luz da lanterna tremeluzindo suspensa no ar. — É completamente louco — disseram. Mas na verdade o que sentiam era orgulho por terem um amigo tão corajoso. Chico calculava que o estivessem a observar. Ainda que não conseguissem vê-lo à distância, imaginavam-no a abrir caminho na neve com a maior energia e sem medo nenhum. Contente consigo próprio, inspirou fundo, deliciando-se com o ar frio que lhe encheu os pulmões. Nunca confessaria em voz alta que adorava vestir a pele do herói. Quanto muito podia admitir. "Sou um aventureiro!"

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Não faltava aventura no percurso. Embora as pegadas que tinha deixado lhe servissem de orientação, estava sozinho no meio do campo, a neve dificultava os movimentos e podiam surgir mil perigos que desconhecia e para os quais não tinha defesa. Paradoxalmente, quanto mais pensava no perigo, mais excitado ficava. Ao avistar o carro, receou que a caminhada tivesse sido em vão. "Se as portas estiverem fechadas à chave, nada feito..." Por sorte, no atabalhoamento da saída, o motorista não se lembrara de trancar a carrinha. Chico pôde portanto revolver a bagagem sem qualquer problema. E abençoou a hora em que saíra de casa. Tinha ali provisões excelentes. Encheu dois sacos até acima e retomou a marcha a assobiar de contente. Que rica surpresa ia fazer aos companheiros! Nesse momento um uivo prolongado cortou a noite. "Aúúúú"! — Lobos! — murmurou petrificado de pavor. — Lobos! O uivo inconfundível repetia-se: "Aúúúú!Aúúúú!" Estando a meio do caminho, tinha que decidir depressa se ia tentar atingir o carro ou a casa. Muito quieto, fechou os olhos e apurou o ouvido para perceber de que lado vinha o som. Inútl. Ou havia muitos lobos ou o som fazia eco...»

 

 

(in Uma Aventura na Serra da Estrela, pp. 34-35)