Uma Aventura

E outras coleções

Uma Aventura no Teatro

Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada

Arlindo Fagundes

Editorial Caminho
Coleção , nº20
304 pp
sob consulta

Resumo/Apresentação

Um primo do Chico trabalha no teatro e convida o grupo para dar uma espreitadela atrás do palco, conhecer actores e assistir aos ensaios da peça que vai entrar em cena. A ideia agrada a todos e a passagem pelos bastidores revela-se ainda mais emocionante do que esperavam. O chão do palco era móvel e deslizava até 14 m abaixo do nível do mar. Os actores tinham comportamentos esquisitíssimos. E nos intervalos havia roubos inexplicáveis. Que outra coisa podiam fazer senão investigar?

 

(ISBN) 9789722100199

Excerto do Livro

«— Pois é! Eu adorei! — Vocês podem não acreditar — disse o Zé Maria -, mas para nós também é emocionante ouvir as palmas, não é só para os actores! — O espectáculo não se podia realizar sem o nosso trabalho. Somos uma grande equipa, e o sucesso de um é o sucesso de todos! — Não tinha pensado nisso. Uma pessoa vai ao teatro, ou gosta ou não gosta e pronto! — Tens razão. Pensamos sempre só nos actores porque são os que aparecem na nossa frente. Nunca nos lembramos que, se o espectáculo é bom, foi preciso muita gente para o fazer. — E se é mau, a culpa também não é só dos actores! — Pelo contrário... O Zé Maria preparava-se para argumentar, quando um cãozinho infernal saltou para dentro do balcão onde faziam as pizzas! O criado deu um berro, outro tentou deitar-lhe a mão, mas ladrando e espanejando-se por cima das travessas, ele abocanhara queijo, massa, chouriço, enfim, tudo o que apanhou a jeito, atirando ao chão vários pratos, copos, tacinhas e por fim uma tigela com molho de tomate que espirrou um esguicho para cima do criado. Este perdeu então o controlo e a compostura. Com o rolo da massa seguro por uma ponta, desatou a correr atrás do bicho. O cão era muito ágil e esgueirava-se por entre as pernas das pessoas sempre a ladrar. — Au! Au! Au! — Anda cá, que eu já te apanho! À passagem, o criado ia empurrando e sujando os clientes. Uns riam, outros gritavam também: — Cuidado! — Isto é incrível! — Olhe o que fez, homem... Dois rapazes tentaram agarrar o cão e outros dois tentaram deter o criado. Mas era tarde de mais! Agitando o braço para um lado e para o outro, sem querer desfechou uma pancada seca num jarro de vinho tinto que foi ensopar a blusa de uma senhora gorda. Esta não esteve com meias medidas! Levantou-se e... pás! Ferrou uma lambada no criado. Foi o fim! A confusão, a gritaria, as mesas derrubadas e as pessoas a discutir atraíram a polícia. Dois guardas apitando repetidamente conseguiram serenar os ânimos no restaurante. No meio da barafunda, o animal escapara porta fora. E quando a polícia perguntou: "O que vem a ser isto?", ouviu-se um berro. — Roubaram-me! Roubaram-me tudo! A empregada da caixa registadora largou a chorar apontando a gaveta aberta.»

 

(in Uma Aventura no Teatro, pp. 98-99)