Uma Aventura

E outras coleções

Uma Aventura em Lisboa

Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada

Arlindo Fagundes

Editorial Caminho
Coleção , nº22
304 pp
sob consulta

Resumo/Apresentação

A turma das gémeas recebe um novo aluno que vem transferido de outra escola. Chama-se Eduardo, é giríssimo e tem talentos especiais, como por exemplo o de fabricar castelos com papel mastigado. Também montou uma rádio pirata no sótão, de onde emite programas surpresa que incluem entrevistas e imitação de vozes. Quando convida o grupo para visitar o estúdio sintoniza por acaso uma conversa em que se fala de um tesouro escondido há 200 anos num monumento de Lisboa. Mas qual, se há tantos monumentos em Lisboa? A resposta está num enigma difícil de decifrar e que a quadrilha dos AL também ouviu. A caça ao tesouro leva-os a passar uma noite trancados na Torre de Belém e a dar um mergulho nas águas geladas e lodosas do Tejo.

 

(ISBN) 9789722100212

Excerto do Livro

«[...] "poço" lembra "água"... — Não deve ser este o sítio, no entanto experimenta-se. O Pedro passou as mãos pelo rebordo, à procura de uma saliência, de um desnível, qualquer coisa que indicasse "tesouro à vista". Claro que não encontrou nada. — Já não vejo um palmo diante do nariz! — queixou-se o João. — Alguém trouxe uma pilha? — Eu tenho — Disse a Teresa. — Uma pilha minúscula no meu porta — chaves! — É melhor que nada. Acende. Ela obedeceu e fez incidir um fiozinho de luz para dentro do poço. A pedra era lisa e regular. — Hum... é melhor procurarmos noutro lado. Um pouco às cegas, apalparam janelas, paredes, parapeitos, varandim, sem qualquer resultado! Nas quatro salas do torreão não podia estar. Lembraram-se então de ir para a escada, mas como era muitíssimo estreita tiveram de subir em fila indiana pois não havia espaço para circularem lado a lado. O Pedro ia à frente, com o porta — chaves da Teresa na mão. A pilha estava um pouco gasta e a luz cada vez mais fraca. Tinha arrefecido muito e o vento soprava, assobiando nas frinchas. "Vum... Vum..." "Isto começa a meter medo!", pensou a Luísa, sem coragem para confessar o que sentia. Mas logo soltou um grito abafado, e agarrou-se à manga mais próxima. — Que foi isto? O que foi isto? Por cima da cabeça deles, ouvia-se nitidamente uma respiração lenta, forte, constante, e o eco arrastava aquele som assustador pelos recantos da torre. Seria o vento? Ficaram parados, à escuta, tiritando de frio e de medo. Mas o som continuava cada vez mais forte. Vento não era. — Achas que é uma pessoa ou um animal? Ninguém se sentia capaz de responder ao João, mas a ideia terrífica de "fantasmas" atravessou-lhes a mente quando, atrás dos suspiros, vieram gemidos e lamentos: "Hi... uiii... aiii oh!" — Fugimos? — propôs a Teresa num fio de voz. — Desce! Desce! — ordenou o Pedro. — Vamos para a sala de baixo! A Teresa, que era a última da fila, passou a ser a primeira e abriu o caminho com os dentes batendo que nem castanholas. Tacteou o chão com a ponta do pé e avançou. Tinha as pernas e os braços tão moles que pareciam de trapo. Uma luz baça de lua-nascente coava-se pela janela estreita, escorria pelas arestas de pedra e conferia ao aposento um ar de cenário para filmes de terror! Atarantados, agarraram-se uns aos outros e iam morrendo de susto quando os ruídos se fizeram ouvir na chaminé: "Uô... Uô... Uô... Uô!"»

 

(in Uma Aventura em Lisboa, pp. 124-125)