Uma Aventura

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O Dia do Terramoto

Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada

Arlindo Fagundes

Editorial Caminho
Coleção , nº7
304 pp
sob consulta

Resumo/Apresentação

Os cientistas da AIVET encarregaram Orlando de ir ao passado estudar o terramoto que no dia 1 de Novembro de 1755 sacudiu e quase destruiu por completo a cidade de Lisboa. Ana e João quiseram acompanhá-lo e partiram com um mês de antecedência. Por isso tiveram oportunidade de conhecer várias pessoas daquele tempo e acompanharam momentos importantes da vida de cada um. João ligou-se ao filho de um ladrão famoso, o Lobo. Ana apaixonou-se por um rapaz de origem francesa. Ambos se envolveram na vida de uma família riquíssima e muito antiquada que não deixa as filhas escolherem noivo e quer obrigá-las a casar à força com homens muito mais velhos. Ana e João, completamente deslumbrados com tantas experiências, quase se tinham esquecido da data fatídica. Mas o dia do terramoto aproximava-se, eles tinham que recolher à máquina do tempo para assistirem a tudo sem sofrerem nada. A aflição tornou-se ainda maior por já terem amigos e não poderem preveni-los da catástrofe, mas é absolutamente proibido aos viajantes no tempo alterar o destino das pessoas e interferir na História.

 

ISBN/ 9789722104609

Excerto do Livro

«— Ana! — berrou o João, cravando-lhe as unhas no braço. — Ana!     

Lívidos de pavor, viram então a cidade ondular, agitar-se numa dança infernal. Palácios, igrejas, casas, cúpulas, torres, moviam-se como uma seara ao vento.     

Durante seis minutos intermináveis Lisboa oscilou, rasgou-se, abateu-se como um castelo de cartas. O estrondo daquele mundo que se resolvia numa avalanche de pedra abafou o clamor pavoroso, a gritaria, o desespero de quantos sofriam as horas terríveis do cataclismo.     

— É o fim do mundo! É o fim do mundo!     

Assombrados com o espetáculo, nem utilizaram o binóculo. As pessoas atropelavam-se para alcançarem lugar seguro. Mas o solo estalava, abria brechas medonhas de onde saíam nuvens de vapor fedorento. As paredes rachavam, os tetos abatiam, as janelas rebentavam, os vitrais estilhaçavam-se, os sinos de bronze precipitavam-se do alto dos campanários, esmagando homens, mulheres, crianças e animais que, prisioneiros do entulho, não conseguiam dispersar.

De repente levantou-se um vento furioso, que avivou as primeiras chamas. O fogo alastrou então em vários pontos da cidade, devorando tecidos, madeiras, palheiros, telhas, sobrados, numa voragem sem fim!     

— O fogo está a chegar ao castelo!     

— A pólvora vai rebentar!     

— A colina vai explodir!     

— Deus tenha piedade de nós!     

— Para o Tejo! Para o Tejo! — gritou alguém. — Só à beira do rio é possível escapar.     

Uma multidão aterrorizada correu para a margem. Espezinhavam-se uns aos outros na ânsia de salvarem a pele. Mas não tardaram a recuar espavoridos. As águas erguiam-se em fúria. Violentos remoinhos sugavam barcos pequenos e grandes arremessando-os de encontro ao cais, onde se despedaçavam.     

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Depois, um sorvedouro do inferno inverteu o movimento das águas e o rio quase desapareceu, deixando a descoberto um fundo de lodo onde se debatiam peixe e irrompiam jactos de enxofre por entre lama viscosa, a borbulhar.     

Durante alguns instantes ninguém se moveu, tal era o horror que sentiam. E a pausa seria fatal! Uma onda gigante crescia do fundo do oceano. Enorme, escura, enrolou-se no ar e abateu-se sobre a cidade com um fragor inacreditável. Rolando sobre si mesma, arrastou consigo num torvelinho alucinante tudo o que encontrou à passagem.     

Os dois irmãos tremiam da cabeça aos pés. João tinha o corpo encharcado em suor e Ana chorava em silêncio.     

— O tsunamis!     

— Que horror! Que horror!     

Orlando parecia um autómato de roda dos aparelhos. Acertava agulhas, tomava notas, fazia medições. Nem uma única vez se voltou para eles mas assim que pôde abandonar o trabalho abraçou-os com força e não disse nada.     

— O meu amigo Jácome salvou-se — repetiu a Ana com voz sumida —, salvou-se.     

— Viste-o?     

— Sim. Fugiu pelo telhado. Teve sorte.     

— Eu vi o Lobo.     

— Quem é o Lobo? — perguntou o Orlando.     

— É um ladrão. Estava preso.»


(in O Dia do Terramoto, pp. 178-181)

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