Uma Aventura

E outras coleções

Uma Aventura no Egito

Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada

Arlindo Fagundes

Editorial Caminho
Coleção , nº40
252 pp
sob consulta

Resumo/Apresentação

Desta vez a aventura tem por cenário um campo de escavações arqueológicas no Egipto. Enigmáticos desaparecimentos, personagens misteriosas, muita acção - eis os ingredientes para uma aventura emocionante. Em apêndice inclui-se informação factual sobre o antigo Egipto, com a colaboração do egiptólogo Prof. Luís Manuel de Araújo.

 

(ISBN) 9789722112390

Excerto do Livro

«Enfiando as pernas pelo buraco, segurou-se no rebordo de pedra e depois deixou-se escorregar com a habilidade típica de quem está habituado a saltar muros. — Aleijaste-te, pá? A resposta foi um "Hum" que ele julgou vinda da boca do Chico, mas não vinha... Pouco depois, quando já todos tinham aterrado naquele novo compartimento subterrâneo e acenderam as lanternas para tentarem perceber onde estavam, iam morrendo de susto porque no canto oposto jazia uma múmia! Como todas as múmias, tinha o corpo enfaixado em ligaduras brancas mas os olhos remexiam-se e brilhavam no escuro. — "Hum!" — A mú... múmia falou? — perguntaram as gémeas espavoridas. — A... ga... ba... ba... Pedro gaguejava de cabelos em pé, os outros nem gaguejar conseguiam porque a língua se lhes colara ao céu da boca. Ísis ainda fez menção de voltar para trás só que os músculos não lhe obedeciam. As pernas e os braços tinham ficado rígidos, os dentes batiam castanholas: tec...tec... tec... Quem primeiro recuperou o sangue frio foi o Chico, que deu um passo em frente, atirou um feixe de luz para a cara da múmia. Como ela cerrou as pálpebras, deu outro passo em frente e disse a primeira coisa que lhe veio à cabeça em voz grossa e provocadora: — Ó múmia, estás viva ou morta? As dúvidas desfizeram-se de imediato, porque o corpo enfaixado se remexeu, as pálpebras agitaram-se e o gemido repetiu-se: — Hum! Aproximaram-se então devagar, a medo, mal acreditando no que os seus olhos viam. — Será o príncipe herdeiro? — perguntou um deles atarantado. — O príncipe era uma criança e esta múmia é de adulto! Entreolharam-se com cara de parvos, pois nem a conversa tinha nexo nem aquilo podia estar a acontecer. — Ninguém resiste milhares de anos debaixo da terra sem comer nem beber! — Hum! O gemido subira de tom, o corpo agitava-se agora como uma minhoca gigantesca. — Tira-lhe as ligaduras! — Tira tu! Rodearam-na de expressão franzina e esgares de repugnância. Que raio lhes apareceria por baixo das ligaduras? Luísa inspirou como quem fareja, para constatar atónita: — Cheira a perfume! Então João, que ainda não abrira a boca, ajoelhou-se, retirou um canivete do bolso e corajosamente pôs-se a cortar as ligaduras da cabeça da múmia.»

 

(in Uma Aventura no Egipto, pp. 150-152)