Uma Aventura na Praia
Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada
Arlindo Fagundes
Editorial Caminho
Coleção , nº33
160 pp
sob consulta
Resumo/Apresentação
Mergulhadores, navios afundados, tesouros no fundo do mar, um acampamento agitado, um casal estrambólico com dois filhos infernais que dão pelo nome de Bruninho e Bruninha, mais o perigosíssimo ladrão sul-americano que se desloca de helicóptero e que ninguém no mundo conseguiu capturar, são os ingredientes desta aventura numa praia cheia de rochas e grutas onde as emoções vão muito para além de namoros e banhos de mar.
ISBN/ 9789722108997
Excerto do Livro
«— Pediste explicações, minha linda? Então vais ficar a saber tudo...
Ao ouvir aquilo, Pedro encolheu-se de encontro à rocha. Se o homem tencionava revelar os seus planos, com certeza não os deixava sair dali vivos. Foi portanto um verdadeiro pavor que captou as palavras cuspinhadas pelo bandido.
— Como é que julgas que eu reuni a minha fortuna, hã?
Já não falava para ela nem para a assistência. Falava para si próprio, a rebentar de orgulho.
— O fundo do mar é uma mina. Talvez a maior do mundo. Já pensaram na quantidade de navios que foram a pique com ouro, prata, dinheiro, jóias? Séculos e séculos de naufrágios. Benditos naufrágios!
As bolhas de cuspo aumentavam à medida que se entusiasmava.
— Decidi há muitos anos que havia de deitar a mão a esses tesouros. Mas basta mergulhar e ir buscá-los? Não! É preciso ter cabeça.
Passeou o olhar em volta, radiante com a figura que estava a fazer.
— Os governos julgam-se muito inteligentes mas são estúpidos que nem pneus. Inventam regras, autorizações, e pensam que controlam tudo com papelada. Ora não há nada mais fácil do que dar a volta à papelada! Uma pessoa finge que está a explorar um navio e vai explorar outro que ninguém sabe que existe. Contrata-se pessoal muito responsável, apresentam-se umas porcarias que fazem as delícias dos museus, ainda se recebe pagamento por isso, e a grande riqueza está noutro lado. Ah! Ah!Ah! Tenho comprado diários de bordo e documentos em todo o mundo. Sabem que a vossa costa é riquíssima e está quase intacta? Pois vou saqueá-la. Não há que ficar nem uma moedinha para amostra e é muito bem feito. Vocês não merecem outra coisa porque não protegem o país, nem sequer o conhecem bem. Admite-se que estas grutas nunca tenham sido aproveitadas para nada? Agora estão por minha conta e ai de quem se aproxime! Terminara o discurso. Limpou a boca com as costas da mão e acrescentou num tom mais neutro:
— Lamento que tenham vindo parar aqui porque só mato quando é necessário. Assim, sou obrigado a eliminá-los.»
(in Uma Aventura na Praia, pp. 131-132)