Uma Aventura no Supermercado
Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada
Arlindo Fagundes
Editorial Caminho
Coleção , nº17
304 pp
sob consulta
Resumo/Apresentação
O supermercado é um simples local de compras onde ninguém espera que aconteça nada de especial. Naquele dia, porém, os clientes pareciam desvairados. Por que motivo um homem grande vestido de branco queria por força a pasta de dentes que o João tinha no seu caminho? E para que raio andaria um velhote a apanhar moscas para as enfiar nos pacotes de margarina? Tudo pareceu ainda mais estapafúrdio quando João voltou para casa, espremeu a pasta dos dentes no lavatório e em vez de ouvir plof ouviu plinc.
ISBN/ 9789722100168
Excerto do Livro
«— Ouçam — disse, atropelando as palavras. — Vamos gritar que há festa no supermercado.
— Festa?!
— Sim! Que o supermercado faz anos e oferece brindes grátis aos vinte primeiros clientes...
— A esta hora? Achas que alguém acredita?
— Não te ponhas com perguntas e berra comigo!
O Pedro avançou para o meio da rua, de braços no ar, gritando a plenos pulmões.
— CAMPANHA NOTURNA! O supermercado dá brindes fantásticos! Os primeiros vinte clientes recebem tudo grátis! É entrar! É entrar!
Parecia possesso, mas a verdade é que o truque funcionou. Vários grupos de pessoas que circulavam aproximavam-se para ver.
O João, embalado pelo sucesso obtido, começou a perguntar a toda a gente:
— Está a dar a mesma notícia a esta hora na rádio, não ouviram? "Grátis!" Grátis! "Campanha noturna!"
— As luzes estão acesas! A música chama-vos — continuava o Pedro.
O monte à porta do supermercado cresceu em poucos minutos. As gémeas riam que nem loucas e ouviram um casal comentar.
— Que ideia original, porem quatro miúdos sem sapatos a anunciar a campanha de brindes!
— Já reparaste que estão besuntados? Se calhar é uma campanha promovida por fábricas de manteiga ou margarina!
— Deve ser, deve!
— Que engraçados que ficam engordurados da cabeça aos pés! A publicidade é mesmo assim, quanto mais original melhor...
— Estes anúncios de margarina são formidáveis! Que imaginação...
Acenando-lhes amigavelmente, marido e mulher misturaram-se à multidão que, perante o assombro do guarda-noturno, invadiu o supermercado. De boca aberta, viu homens e mulheres agarrarem-se furiosamente a cestos e carinhos gritando todos a mesma coisa:
— Faço parte dos vinte primeiros!
— Faço parte dos primeiros vinte!
Perdido no meio daquilo tudo, o guarda-noturno acabou mesmo por largar o Chico, que aproveitou imediatamente para se escapulir. E como ele o velhote que se misturara na confusão. A polícia já lá vinha, mas, conscientes de que seria impossível darem uma explicação aceitável para a sua presença ali, puseram-se a andar o mais depressa possível.»
(in Uma Aventura no Supermercado, pp. 106-107)