Uma Aventura

E outras coleções

Uma Aventura nas Férias da Páscoa

Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada

Arlindo Fagundes

Editorial Caminho
Coleção , nº19
160 pp
sob consulta

Resumo/Apresentação

Um nevão em Lisboa tem efeitos imprevisíveis. Alguns alunos não conseguiram sair da escola, as gémeas ficaram presas num pavilhão e o Chico serviu-se de uma gaveta para deslizar na neve e ir salvá-las. Mas a aventura não acabou ali porque os flamingos do Tejo precisaram de ajuda e o grupo, sempre generoso, resolveu tratar do assunto. Não contavam com movimentos suspeitos e encontros desagradáveis num moinho de maré em ruínas...

 

ISBN/ 9789722122627

Excerto do Livro

«Ainda era muito cedo quando as gémeas acordaram. O quarto estava mergulhado na escuridão e fazia tanto frio que só lhes apetecia ficar enroscadas debaixo de lençóis e cobertores.     

A Luísa olhou para o mostrador do relógio, que marcava sete e dez.     

— Que bom! — disse. — Ainda podemos ficar na cama mais cinco minutos.     

A Teresa puxou a roupa para cobrir bem o pescoço e enfiou a cabeça nas almofadas. Estava tão confortável!     

Mas de súbito algo lhe chamou a atenção. Algo que se passava fora da janela...     

Sentou-se para ouvir melhor. E a irmã fez o mesmo.     

Era um roçar muito leve, qualquer coisa macia deslizando na persiana. Não parecia ser chuva...      As gémeas não resistiram mais. De um pulo, atiraram-se à correia do estore e "rec...rec...rec...", enrolaram-no com redobrada energia.     

O que viram cortou-lhes a respiração. Estava a nevar. A nevar a sério! Do céu azul —acinzentado caíam, num jeito de voo, milhares e milhares de partículas brancas, leves como uma pena, oscilando, dançando sem pressa, até caírem no chão onde se formava um manto branco. Um manto igualzinho a todos os que tinham visto nas gravuras de livros de histórias, nos postais que recebiam do Norte da Europa, ou no Natal, ou ainda nos filmes passados na neve que as deixavam sempre com enorme desejo de viajar.     

Durante algum tempo, mantiveram-se em silêncio, com a cabeça encostada no vidro e uma alegria imensa a rebentar dentro do peito. Quase duvidavam se seria sonho ou realidade!     

Foi o pai quem veio quebrar o encanto, abrindo a porta de mansinho com o tabuleiro do pequeno-almoço nas mãos.     

Trazia um sorriso de miúdo pequeno, e pôs-se a recitar:     

"Batem leve levemente     

Como quem chama por mim     

Será chuva? Será gente?     

Gente não é certamente     

E a chuva não bate assim..."»


(in Uma Aventura nas Férias da Páscoa, pp. 19-20)