Uma Aventura na Falésia
Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada
Arlindo Fagundes
Editorial Caminho
Coleção , nº3
168 pp
sob consulta
Resumo/Apresentação
A escola teve que fechar uns dias para obras. Conforme seria de esperar, toda a gente ficou delirante. O grupo das gémeas, Pedro, Chico e João e seus cães Faial e Caracol aproveitaram as férias surpresa e foi para uma casinha simpática à beira-mar. Queriam apenas mudar de ambiente e divertir-se, mas um grito na noite alterou-lhes os planos. Que se passaria naquela zona descampada? Quem estaria na praia deserta a fazer sinais de luzes? A curiosidade foi mais forte do que o medo e arrastou-os para as grutas, onde corriam o risco de ficar presos na maré. Quando se preparavam para recuar deram de caras com um rapaz inglês em pânico. Como teria ido ali parar? E porquê?
ISBN/ 9789722100021
Excerto do Livro
«O Chico apressou-se a desatar as cordas, enquanto o Pedro mantinha a lanterna acesa.
— Vá... — disse o Chico, soltando um último nó e endireitando-se. — Já que és tão bom aluno a Inglês, fala com ele, diz qualquer coisa.
— Mas o que é que lhe hei-se dizer? Neste momento não me lembro de nada, é sempre assim...
O rapaz esfregava os pulsos e os tornozelos com força, esticando e encolhendo os braços e as pernas.
— Pergunta-lhe o nome... — propôs o Chico.
O Pedro sentou-se nos calcanhares e arriscou, procurando pronunciar o melhor que sabia.
— What´s your name?
O rapaz deteve-se e encarou-os com um sorriso fraco.
— Paul. My name is Paul!
— Olha, percebeu — disse o Pedro, radiante.
— Então não havia de perceber! — respondeu o Chico, rindo-se. — Também, isso até eu percebo e não sei nada de inglês!
— Bom, já sabemos que se chama Paul, Paulo, portanto. E agora? Que é que hei-de perguntar mais?
— Sei lá! Olha, pergunta-lhe quem é, o que é que está aqui a fazer...
— Mas eu não sei fazer essas perguntas em inglês! Achas que ele não entende nada de português?
O Chico encolheu os ombros:
— Olha, sabes o que te digo? Passo a vida a dizer que as aulas de Inglês não servem para nada e afinal...
— Vou experimentar — disse o Pedro, voltando-se para o rapaz. — Falas português?
O rapaz fez uma careta e respondeu :
— I... Eu... falar um pouco... mal...
— Ótimo! — o Chico esfregou as mãos de contente. — Assim, já nos podemos entender.
— O que é que estás aqui a fazer?
— Quem és tu?
O Chico berrava altíssimo e fazia imensos gestos, como se isso pudesse ajudar o rapaz a compreender o que lhe dizia...
Ele levantou-se com certa dificuldade, olhou-os demoradamente e depois abriu os braços, dizendo, com lágrimas nos olhos :
— Amigo? Amigo? Friends?
O Pedro abraçou-o, comovido. "Coitado! Fosse lá quem fosse, tinha passado um mau bocado." Em seguida, foi a vez do Chico. À sua maneira abrutalhada, deu-lhe fortes palmadas nas costas, dizendo :
— Amigos, pois, então não havíamos de ser amigos! — disfarçou a emoção que também sentia.»
(in Uma Aventura na Falésia, pp. 112-113)