O Sabor da Liberdade
Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada
Arlindo Fagundes
Editorial Caminho
Coleção , nº9
220 pp
sob consulta
Resumo/Apresentação
Portugal esteve unido a Espanha 60 anos. Durante esse tempo foi governado pelos reis Filipe II, Filipe III e Filipe IV, que viviam em Madrid. A situação não agradava, houve tentativas de revolta fracassadas, mas no ano de 1640 um grupo de nobres resolveu preparar um golpe surpresa, restaurar a independência e aclamar um rei português. Ana, João e Orlando chegam a Lisboa poucos dias antes de a revolução estalar. Instalaram-se no palacete da família Corrêa e acabaram por tomar parte não só nos romances e problemas daquela gente e das suas vizinhas de bairro mas também no grande acontecimento que mudou a história do País.
ISBN/ 9789722106061
Excerto do Livro
«Só depois os conspiradores assomaram à janela e lançaram o grito da vitória:
— Viva el-rei D. João IV!
A resposta soou a uma só voz:
— Viva!
Seguiu-se um desvario indescritível. As pessoas abraçavam-se e, não sabendo o que fazer daquela alegria com sabor a liberdade, choravam copiosamente.
Os que há muito esperavam por aquele momento, os que já não tinham esperança de viver o suficiente para assistir, os que nem acreditavam que pudesse suceder, os que julgavam que lhes era indiferente, os que nem percebiam bem o que se estava a passar, saíram todos para a rua, engrossando a multidão que festejava na maior loucura o facto de Portugal ser livre outra vez!
Ana e Valentim andavam de braços para braços, agarrando-se a pessoas que não conheciam, roucos de tanto berrar.
— Viva el-rei D. João IV!
— Viva Portugal!
Apesar da excitação, o povo comportava-se agora de forma a causar assombro. Não houve roubos, nem desacatos, nem agressões. Ninguém aproveitou a confusão para vinganças pessoais, gozavam a hora da alegria, pondo de parte ressentimentos e ódios antigos. Da Sé saía uma procissão, as portas das cadeias abriram-se de par em par, os presos misturavam-se com o povo em delírio.
João debatia-se entre duas vontades. Gostaria de estar lá fora, mas também queria estar lá dentro para ver o que os companheiros íam fazer. Faltava dominar os soldados do Castelo de São Jorge, da Torre de Belém, dos navios ancorados no Tejo.»
(in O Sabor da Liberdade, pp. 136-137)