No Coração da África Misteriosa
Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada
Arlindo Fagundes
Editorial Caminho
Coleção , nº14
304 pp
sob consulta
Resumo/Apresentação
Nada mais excitante de que percorrer o interior de uma floresta virgem onde o perigo espreita na margem dos rios através dos olhos dos crocodilos e atrás da folhagem através dos olhos dos leões. Foi exactamente essa experiência que tiveram a Ana, o João e o Orlando quando deram um mergulho com mais de 100 anos para irem procurar o tesouro de um antigo império africano cujo rasto se perdeu numa zona onde, segundo a lenda, um grupo de homens se transformou em árvores. Não esperavam encontrar o famoso explorador Serpa Pinto, o primeiro português a atravessar a África caminhando a pé das praias do oceano Atlântico até às praias do oceano Índico, viagem cheia de riscos e ameaças. Acompanhá-lo torna-se a mais fantástica das aventuras.
Excerto do Livro
«— Deve estar perto... Um rugido de leão cavernoso e potente encheu o ar e prolongou-se em ondas de som, um som terrífico que lhes electrizou a pele e arrepiou os cabelos. — Para as árvores! — ordenou Catiba. — Depressa! Fora o primeiro a ver que vinha lá não uma fera mas um bando completo! Lépidos que nem coelhos, amarinharam pelo tronco mais próximo. Orlando não percebeu como realizou aquela proeza, mas a verdade é que se empoleirou bem alto com arma e tudo! "E agora? E agora?", interrogava-se. "Como é que saímos daqui?" Os leões rosnavam enfurecidos e deitavam as patas ao tronco, fazendo menção de subir. — Eles trepam? — perguntou Alexandre. — A este tronco não conseguem, é muito a pique. Passe-me a arma que estou em melhor posição para os alvejar. — Mas nós não temos munições para os alvejar a todos. Se matarmos alguns os outros não ficam mais assanhados? — Talvez sim, talvez não. Dê cá a arma e logo se vê o que acontece. Orlando que se encontrava escarranchado num dos ramos superiores, sentiu a madeira estalar debaixo de si e ficou sem pinga de sangue. O mais leve movimento podia transformar-se em catástrofe! — Eu não posso ajudar, senão isto parte-se e caio lá em baixo. — Então fique quieto! Fique quieto... Catiba já engatilhara a arma mas ainda não escolhera a vitima. — Então? — Calma. Se não podemos desperdiçar munições, só disparo quando tiver a certeza de que acerto. Entrelaçou bem as pernas à volta do ramo que o suportava. Levou a coronha ao ombro e ficou imóvel uns segundos. Olhando-o, dir-se-ia que fazia parte da árvore.»
(in No Coração da África Misteriosa, pp. 99-100)